
Que triste, que profunda soledade
se observa aqui de cima deste outeiro!
Não anda lá no mar nenhuma barqueiro,
não se ouve algum rumor cá na cidade.
Como da lua a frouxa claridade
prateia aquele monte derradeiro!
Não sabe a vista aonde vá primeiro
fartar o pensamento de saudade.
O céu sereno como está sisudo!
Quieta a planta, o mar adormecido,
a terra sossegada, o vento mudo;
mas que estrondo fizera, e que alarido,
céu, planta, mar e terra, vento mudo;
se rompesse o silêncio meu gemido!
+*+João Xavier Matos+*+
* Lisboa, 1730
+ Vila dos Frades - Alentejo, 1789
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