quarta-feira, 7 de maio de 2008

Não te amo

Não te amo, quero-te: o amar vem d’alma
E eu n’alma – tenho calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! Não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela: e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe reluz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! Não te amo, não

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

+*+Almeida Garret*+*+
in Folhas Caídas

*João Batista da Silva Leitão de Almeida

* Porto, 4 de fevereiro de 1799
+ Lisboa, 9 de dezembro de 1854

6 comentários:

Verônica Elias Rumorosa disse...

Linda poesia! Belo blog!!Poesia sempre faz bem, no meu blog tem uma muito legal, no texto entitulado Poemas no Blog!

Verônica Elias Rumorosa disse...

Passe lá no meu:

www.desarranjosintetico.blogspot.com

Verônica Elias Rumorosa disse...

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izilgallu disse...

Muito bobito seu blog, coloque algumas imagens para dar mais vida, é so um palpite, adorei as poesias.
Parabens.
beijos

izilgallu disse...

Desculpe quis dizer bonito

Anônimo disse...

Olá...
Vim agradecer a visitinha ao meu canto, gostei de te ter por lá. Volta sempre que quiseres!
Beijo da Cila!