domingo, 21 de junho de 2009

Um mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de que; um raio brando e honesto,
Quase forçado, um doce e humilde gesto,
De qualquer alegria duvidoso;

Um despejo quieto e vergonhoso;
Um repouso gravíssimo e modesto;
Uma pura bondade, manifesto
Indício da alma, limpo e gracioso;

Um escolhido ousar, uma brandura;
Um medo sem ter culpa, um ar sereno,
Um longo e obediente sofrimento:

Essa foi a celeste formosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pode transformar meu pensamento.

+*+Camões+*+

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