sábado, 31 de janeiro de 2009

Sonetos

I
Ao meu Pai doente

Para onde fores, Pai, para onde fores,
Irei também, trilhando as mesmas ruas...
Tu, para amenizar as dores tuas,
Eu, para amenizar as minhas dores!

Que coisa triste! O campo tão sem flores,
E eu tão sem crença e as árvores tão nuas
E tu, gemendo e o horror de nossas duas
Mágoas crescendo e se fazendo horrores!

Magoaram-te, meu Pai?! Que mão sombria,
Indiferente aos mil tormentos teus
De assim magoar-te sem pensar havia?!

– Seria a mão de Deus?! Mas Deus enfim
É bom, é justo, e sendo justo, Deus,
Deus não havia de magoar-te assim!

II
Madrugada de Treze de Janeiro.
Rezo, sonhando, o ofício da agonia.
Meu Pai nessa hora junto a mim morria
Sem um gemido, assim como um cordeiro!

E eu nem lhe ouvi o alento derradeiro!
Quando acordei, cuidei que ele dormia,
E disse à minha Mãe que me dizia:
“Acorda-o”! deixa-o, Mãe, dormir primeiro!

E saí para ver a Natureza!
Em tudo o mesmo abismo e beleza,
Nem uma névoa no estrelado véu...

Mas pareceu-me, entre as estrelas flóreas,
Como Elias, num carro azul de glórias,
Ver a alma de meu Pai subindo ao Céu!

III
Podre meu Pai! A Morte o olhar lhe vidra.
Em seus lábios que os meus lábios osculam
Microorganismos fúnebres pululam
Numa fermentação gorda de cidra.

Duas leis as que os homens e a hórrida hidra
A uma só lei biológica vinculam,
E a marcha das moléculas regulam,
Com a invariabilidade da clepsidra!...

Podre meu Pai! E a mão que enchi de beijos
Roída toda de bichos, como os queijos
Sobra a mesa de orgíacos festins!...

Amo meu pai na atômica desordem
Entre as bocas necrófagas que o mordem
E a terra infecta que lhe cobre os rins!

+*+Augusto dos Anjos*+*+
in Eu e outros poemas

* Cruz do Espírito Santo - PB, 20 de abril de 1884
+ Leopoldina, 12 de novembro de 1914

*Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos
De profundis clamavi*

Imploro-te compaixão, ó meu único amor,
Do fundo deste abismo em que agora sucumbo.
É um universo morno, o horizonte de chumbo
Em que nadam na noite a blasfêmia e o horror.

E seis meses no céu plana um sol sempre frio,
E seis meses a noite é imensa e tumular,
É um país bem mais nu do que a terra polar,
– Sem verde, sem bosque e sem animal e nem rio.

No mundo não existe um horror comparado
Ao frio tão cruel deste sol congelado,
À noite imensa igual à do caos ancestral;

A sorte invejarei do mais vil animal,
Capaz de mergulhar no seu sono inconsciente,
Com os fios do Tempo a dobrar lentamente!

+*+Charles Baudelaire*+*+

*De profundis clamabo ad te, Domine (“Das profundas erguerei a ti, Senhor, os meus clamores”. Salmo 134).

* Paris, 9 de abril de 1821
+ Paris, 31 de agosto de 1867

*Charles-Pierre Baudelaire
Fumo

Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu amor pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos...

+*+Florbela Espanca*+*+
in Livro de Soror Saudade

* Vila Viçosa - Alentejo, 8 de dezembro de 1894
+ Matosinhos - Douro, 8 de dezembro de 1930

*Flor Bela de Alma da Conceição Espanca
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando o acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.

+*+Manuel Bandeira+*+

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Mal Secreto

Se, a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

+*+Raimundo Correia+*+


+*+*+*+*+*++*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+


Análise

Assunto: O autor fala sobre certos aspectos da personalidade humana.
Ideia central: "As aparências enganam"


Apartados:


1°) de cólera a máscara na face: O autor diz que a aparência pode esconder muito sofrimento. Isto por hipótese.
2°) Quanta gente venturosa: Fala sobre a faculdade que têm certas pessoas, de ocultar a sua dor, causando inveja ao próximo e, encontrando nisto sua única ventura.

Estudo do vocabulário em relação às ideias:

'Se' - indica uma hipótese de se poder ver o que vai no íntimo de cada um.
'Espuma' - termo que mostra a violência da cólera.
'Mora' - persistência da dor.
'Destrói' - mostra a violência e a persistência da dor.
'Cada' - todas as ilusões; uma por uma, à medida em que nascem.
'Estampasse' - a dor aparece claramente.
'Espírito que chora' - violência da dor.
'Máscara da face' - a expressão sugere hipocrisia.
'Quanta gente' - dá a ideia de muita gente, não da totalidade.
'Talvez' - dúvida da existência de tais pessoas quanto ao número.
'Inveja e piedade' - ideias opostas, mostrando o excesso de hipocrisia.
'Atroz inimigo' - e 'chaga concerosa' - duas expressões que reforçam a ideia de intensidade da dor.
'Recôndito' e 'invisível' - adjetivos que demonstram o disfarce da dor.
'Então' e 'agora' - estes termos indicam os dois planos em que o poema se desenvolve: o da hipótese e da realidade.
'Ri' - concretização da hipocrisia.
'Ventura única' - satisfação encontrada em enganar os outros.
'Parecer aos outros' - hipocrisia, preocupação em esconder o sofrimento aos olhos alheios.


Localização das características da Escola a que pertence o poema:

Encontramos em todo o soneto:
a) objetivismo;
b) tema universal;
c) análise psicológica;
d) predominio da razão sobre a sensibilidade;
e) finalidade moral;
f) linguagem cuidada;
g) preocupação com a forma.


Forma:
Métrica:

Se a cólera que espuma, a dor que mora.
N'alma e destrói cada ilusão que nasce.
Tudo que punge tudo que devora.
O coração no rosto se estampasse.

Soneto:
Versos isoméricos - decassílabos.
Ritmo:
Versos heterorrítmicos.
Rima:
Rimas alternadas nos quartetos e misturadas nos tercetos.
Rimas ricas:
chora agora
consigo inimigo
face causasse.
Rimas pobres:
Todas as outras
São todas consoantes e graves.
Estrutura estrófica: Soneto
Figuras:

Metáforas:
"cólera que espuma"
"a dor que mora n'alma"
"ilusão que nasce"
"tudo o que devora"
"tudo o que devora o coração" (metáfora e metonímia).
Anáfora:
"tudo .... tudo"

Hipérbato: as duas primeiras estrofes.


Quanto ao autor, em função de suas obras podemos dizer:


Demonstra através de sua obra grande magnitude e espírito de religiosidade. Se for analisado sob o ponto de vista parnasiano, pode ser considerado inferior a Alberto de Oliveira, todavia sob o ponto de vista do lirismo, é, indubitavelmente, muito mais marcante a natureza sentimental, retratando assuntos filosóficos através de seus poemas. Procura uma análise psicológica profunda, visando explicar os problemas que mais afligem a sociedade humana. Soube conciliar o racionalismo da forma perfeita à sua profunda sensibilidade. Segundo Silvio Romero (crítico literário, ensaista, poeta, filósofo, professor e político sergipano): "Tem mais sentimentos do que imaginação; mais coração do que faculdade criadora; mais ternura e graciosidade do que força. Meiga, discreta, contemplativa, sua musa tem provado o travor das lutas de nosso tempo; mas quando canta, sabe fazê-lo com certa compostura, num tom de dignidade, que lembra produções da musa clássica, quando falava, por exemplo, pela boca de um Racine".


Manuel Bnadeira diz sobre o autor: "Temperamento doentio, melancólico e pessimista, Raimundo Correia se distingue pela emoção grave e concetrada da sua poesia. A forma, com ser tão correta quanto a de Alberto de Oliveira e Bilac, e maos despojada e ao mesmo tempo mais sutil, mais musical. Certamente é o maior artista do verso que já tivemos".




extraído da Nova Biblioteca Prática da Língua Portuguesa - AGE




Segue o teu destino

I
Segue o teu destino,
Pega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é sombra
De árvores alheias.

II
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.

III
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente
Deixo a dar nas aras
Como ex-votos aos deuses.

IV
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

V
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

+*+Fernando Pessoa+*+


* Lisboa, 1888
+ Lisboa, 1935
Não tens como apagar um incêndio –
Coisas que são inflamáveis
Podem queimar por si, sem vento,
Ao longo da noite mais calma.

Não tens como dobrar as águas,
Nem guarda-las na gaveta –
Pois os ventos o descobririam –
E contariam a teu soalho de cedro.

+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+

You cannot put a Fire out –
A Thing that can ignite
Can go, itself, without a Fan –
Upon the slowest Night –

You cannot fold a Flood –
And put it in a Drawer –
Because the Winds would find it out –
And tell your Cedar Floor.

+*+Emily Dickinson+*+

* Amherst - Massachusetts, 1830
+ Amherst - Massachusetts, 1886
Súplica

Olha para mim, amor, olha para mim;
Meus olhos andam doidos por te olhar!
Cega-me com o brilho dos teus olhos
Que cega ando eu há muito por te amar.

O meu colo é arminho imaculado
Duma brancura casta que entontece;
Tua linda cabeça loira e bela
Deita em meu colo, deita e adormece!

Tenho um manto real de negras trevas
Feito de fios brilhantes d’astros belos
Pisa o manto real de negras trevas
Faz alcatifa, oh faz, de meus cabelos!

Os meus braços são brancos como o linho
Quando os cerro de leve, docemente...
Oh! Deixa-me prender-te e enlear-te
Nessa cadeia assim eternamente...

Vem para mim, amor... Ai não desprezes
A minha adoração de escrava louca!
Só te peço que deixes exalar
Meu último suspiro na tua boca!

+*+Florbela Espanca*+*+
in Trocando olhares

* Vila Viçosa - Alentejo, 8 de dezembro de 1894
+ Matosinhos - Douro, 8 de dezembro de 1930

*Flor Bela de Alma da Conceição Espanca

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

No seu túmulo

Sobre o seu fundo berço sepulcral
Meu espírito reza, ajoelhado.
E sente-se o mais belo e virginal,
Na sua dor concentrado.

Caí, gotas de orvalho matinal!
Astros, caí do céu todo estrelado!
Secas folhas do zéfiro outonal,
Vinde enfeitar-lhe o túmulo sagrado.

Ó luar da meia-noite, encantamento
Da sombra vem cobri-lo! Ó doido vento,
Não grites, baixa a voz lamuriosa.

Silêncio, aves noturnas do arvoredo>
Porque ele é pequenino e há de ter medo,
Lá nos seios da terra tenebrosa.

+*+Teixeira de Pascoaes+*+
In Vida Etérea


Nota sobre o autor:
Seu verdadeiro nome é Joaquim Teixeira de Vasconcelos.
Nasceu em 1877 e faleceu em 1952.
Sua obra é extensa, abrangendo versos, prosa biográfica e doutrinaria, e teatro, é marcada por um profundo lusitanismo.
Foi o fundador do saudosismo e da revista “Águia”
Viveu uma vida solitária e bucólica.
A vida

A vida, acredita, não é um sonho
Tão negro quanto os sábios dizem ser,
Frequentemente uma manhã cinzenta
Prenuncia uma tarde agradável e soalhenta.

Às vezes há nuvens sombrias
Mas é apenas em certos dias;
Se a chuva faz as rosas florir
Ó por que lamentar e não sorrir?

Rapidamente, alegremente
As soalhentas horas da vida vão passando
Agradecidamente, animadamente
Goza-as enquanto vão voando.

E quando por vezes a morte aparece
E consigo o que melhor temos desaparece?
E quanto a dor se aprofunda
E a esperança vencida se afunda?

Oh, mesmo então a esperança há de renascer,
Inconquistável, sem nunca morrer,
Alegre com sua asa dourada
Suficientemente forte para nos fazer sentir bem
Corajosamente, sem medo de nada
Enfrenta o dia do julgamento que vem.
Porque gloriosamente, vitoriosamente
Pode a coragem o desespero vencer.

+*+Emily Brontë+*+

* Thornton - Yorkshire, 30 de julho de 1818
+ Haworth - Yorkshire, 19 de dezembro de 1848

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009


Usurpando um minuto a meu lamento,
Amigo sono os olhos me ocupava,
E enquanto o débil corpo descansava,
Velava Amor, velava o Pensamento.

Eis que em deserto e lúgubre aposento
Que semimorta luz mais afeava,
Cri, Gertrúria (ai de mim!), que te avistava
Já sem cor, já sem voz, já sem alento.

Súbito acordo em lágrimas banhado,
E, das trevas palpando o véu medonho,
Em vão busco teu corpo delicado

Mas inda em ânsia, trêmulo, suponho
Que me vaticinou meu negro fado
Dos males o pior no horrível sonho.

+*+Manuel Maria Barbosa l'Hedois du Bocage +*+

* Setúbal, 15 de setembro de 1765
+ Lisboa, 21 de dezembro de 1805

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Dois e dois quatro

Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena.

Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena
como azul é o oceano
e a lagoa, serena.

Como um tempo de alegria
por trás de terror me acena
e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena.

Sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena.

+*+Ferreira Gullar+*+

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Segredo

A poesia é incomunicável
Fique torto no seu canto
Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio
Ao alcance do nosso corpo
É revolução? o amor?
Não diga nada.

Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua.
Não conte

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão
Não peça.

+*+Carlos Drummond de Andrade+*+

* Itabira, 31 de outubro de 1902
+ Rio de Janeiro, 17 de agosto 1987

sábado, 17 de janeiro de 2009

Soneto

Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim meu anjo lindo!
Por ti – as noites eu velei chorando,
Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!

+*+Álvares de Azevedo+*+
in Lira dos vinte anos

* São Paulo, 1831
+ São Paulo, 1852

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Esse inferno de amar

Este inferno de amar – como eu amo! –
Quem mo pôs aqui n’alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando – ai quando se há de apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... – foi um sonho –
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? – Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...

+*+Almeida Garrett*+*+
in Folhas Caídas

*João Batista da Silva Leitão de Almeida

* Porto, 4 de fevereiro 1799
+ Lisboa, 9 de dezembro de 1854

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Cantiga sua partindo-se

Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem
que nunca tão tristes vistes
outros nenhum por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.

Partem tão tristes
tão fora d’esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhum por ninguém.

+*+João Ruiz de Castelo Branco+*+
Nota Sobre o Autor

O poeta viveu na segunda metade do século XV
É um dos inúmeros poetas do Cancioneiro Geral e esta cantiga é um dos mais conhecidos poemas do período Humanista

sábado, 3 de janeiro de 2009

À Maria Ifigênia

Amada filha é já chegado o dia,
Em que a luz da razão, qual tocha acesa,
Vem conduzir a simples natureza,
É hoje que o teu mundo principia.

A mão, que te gerou, teus passos guia
Despreza ofertas de uma vã beleza,
E sacrifica as honras e as riquezas
Às Santas leis do Filho de Maria.

Estampa na tu’alma a Caridade
Que amar a Deus, amar seus semelhantes
São eternos preceitos da verdade.

Tudo mais são idéias delirantes;
Procura ser feliz na eternidade,
Que o mundo são brevíssimos instantes.

+*+Alvarenga Peixoto*+*+
+*+Nota Sobre o Autor+*+

O poeta nasceu no Rio de Janeiro em 1974 e faleceu na cidade de Ambaca, Angola em 1792.

*Inácio José de Alvarenga Peixoto