De profundis clamavi*
Imploro-te compaixão, ó meu único amor,
Do fundo deste abismo em que agora sucumbo.
É um universo morno, o horizonte de chumbo
Em que nadam na noite a blasfêmia e o horror.
E seis meses no céu plana um sol sempre frio,
E seis meses a noite é imensa e tumular,
É um país bem mais nu do que a terra polar,
– Sem verde, sem bosque e sem animal e nem rio.
No mundo não existe um horror comparado
Ao frio tão cruel deste sol congelado,
À noite imensa igual à do caos ancestral;
A sorte invejarei do mais vil animal,
Capaz de mergulhar no seu sono inconsciente,
Com os fios do Tempo a dobrar lentamente!
+*+Charles Baudelaire*+*+
*De profundis clamabo ad te, Domine (“Das profundas erguerei a ti, Senhor, os meus clamores”. Salmo 134).
Imploro-te compaixão, ó meu único amor,
Do fundo deste abismo em que agora sucumbo.
É um universo morno, o horizonte de chumbo
Em que nadam na noite a blasfêmia e o horror.
E seis meses no céu plana um sol sempre frio,
E seis meses a noite é imensa e tumular,
É um país bem mais nu do que a terra polar,
– Sem verde, sem bosque e sem animal e nem rio.
No mundo não existe um horror comparado
Ao frio tão cruel deste sol congelado,
À noite imensa igual à do caos ancestral;
A sorte invejarei do mais vil animal,
Capaz de mergulhar no seu sono inconsciente,
Com os fios do Tempo a dobrar lentamente!
+*+Charles Baudelaire*+*+
*De profundis clamabo ad te, Domine (“Das profundas erguerei a ti, Senhor, os meus clamores”. Salmo 134).
* Paris, 9 de abril de 1821
+ Paris, 31 de agosto de 1867
*Charles-Pierre Baudelaire
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