sábado, 17 de janeiro de 2009

Soneto

Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim meu anjo lindo!
Por ti – as noites eu velei chorando,
Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!

+*+Álvares de Azevedo+*+
in Lira dos vinte anos

* São Paulo, 1831
+ São Paulo, 1852

2 comentários:

Nancy Lix disse...

Belíssimo o teu blog. Selecionas os poemas que mais tocam a minha alma. Os teus são, igualmente, belos.

Um grande abraço e obrigada por haver visitado o meu cantinho.

Muita paz.

Anônimo disse...
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