terça-feira, 31 de março de 2009

Poeta fui e do áspero destino

Poeta fui e do áspero destino
senti bem cedo a mão pesada e dura,
Conheci mais tristeza que ventura
e sempre andei errante e peregrino.

Vivi sujeito ao doce desatino
que tanto engana tão pouco dura;
e inda choro o rigor da sorte escura,
se nas dores passadas imagino.

Porém, como me agora vejo isento
dos sonhos que sonhava noite e dia
e só com saudades me atormento,

entendo que não tive outra alegria
nem nunca outro qualquer contentamento,
senão ter cantado o que sofria.

+*+José Albano+*+

* Fortaleza, 1882
+ Montauban – França, 1923

Nenhum comentário: