terça-feira, 12 de maio de 2009

A coroa de rosas

A fim, oculto amor, de coroar-te,
de adornar tuas tranças luminosas,
uma coroa teci de brancas rosas,
e fui pelo mundo afora, a procurar-te.

Sem nunca te encontrar, crendo avistar-te
nas moças que encontrava, donairosas,
fui-as beijando e fui-lhes dando as rosas
da coroa feita com amor e arte.

Trago, de caminhar, os membros lassos,
acutilam-me os ventos e as geadas,
já não sei o que são noites serenas...

Sinto que vais chegar, ouço-te os passos
mas ai! nas minhas mãos ensangüentadas
uma cora de espinhos trago apenas!

+*+Eugênio de Castro+*+

* Coimbra, 1869
+ Coimbra, 1944

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