terça-feira, 12 de maio de 2009

Envelhecendo

Tomba às vezes meu ser. De tropeço a tropeço,
unidos, corpo e alma, ambos rolando vão.
É o abismo e eu não sei se cresço ou se decresço,
à proporção do mal, do bem à proporção.

Sobe às vezes meu ser. De arremesso a arremesso,
unidos, estro e pulso, ambos fogem ao chão
e eu ora encaro a luz, ora à luz estremeço
e não sei onde o mal e o bem me levarão.

Fim, qual deles é? Qual deles o começo?
Prêmio, qual deles é? Qual deles é expiação?
Por qual deles ventura ou castigo mereço?

Ante o perpétuo sim, e ante o perpétuo não,
do bem que sempre fiz, nunca busquei o preço,
do mal que nunca fiz sofro a condenação.

+*+Emílio de Menezes+*+

* Curitiba, 1866
+ Rio de Janeiro, 1918

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