terça-feira, 12 de maio de 2009

Interrogação

Contemplo a noite: a cúpula estrelada
do firmamento sobre mim palpita;
meu olhar dos astros, que não vêem nada:

- Nessa amplitude lôbrega e infinita
que inteligência ou força inominada
numa elipse traçou a vossa estrada,
estrelas de ouro, que o mistério habita?

Dizei-me se, transpondo a imensidade
alguma coisa a vós minha alma prende,
um vínculo de amor ou de verdade.

Dizei-me o fim da nossa vida agora:
para que serve a luz que em vós resplende,
e a oculta mágoa que em meu seio mora?...

+*+Júlia Cortines+*+

* Rio Bonito – RJ, 1868
+ Rio de Janeiro, 1948

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