Caminho (I)
Tenho sonhos cruéis: n’alma doente
sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro
do peito afugentar bem rudemente,
devendo, ao desmaiar sobre o poente,
cobrir-me o coração de um véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d’harmonia,
toda a luz desgrenhada que alumia
as almas doidamente, o céu d’agora,
sem ela o coração é quase nada:
um sol onde expirasse a madrugada,
por que é só madrugada quando chora.
Tenho sonhos cruéis: n’alma doente
sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro
do peito afugentar bem rudemente,
devendo, ao desmaiar sobre o poente,
cobrir-me o coração de um véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d’harmonia,
toda a luz desgrenhada que alumia
as almas doidamente, o céu d’agora,
sem ela o coração é quase nada:
um sol onde expirasse a madrugada,
por que é só madrugada quando chora.
+*+Camilo Pessanha*+*+
* Coimbra - Portugal, 7 de setembro de 1867
+ Macau - China, 1 de março de 1926
*Camilo Almeida Pessanha
Nenhum comentário:
Postar um comentário