domingo, 15 de fevereiro de 2009

Soneto de Contrição

Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma o teu encanto

Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Mau coração é um vago acalanto
Beiçando versos de saudade imensa.

Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma...

E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.

+*+Vinicius de Moraes+*+

* Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913
+ Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980

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