Formoso Tejo meu, quão diferente
te vejo e vi, me vês agora e viste:
turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
claro que te vi eu já, tu a mim contente.
A ti foi-te trocando a grossa enchente
a quem teu largo campo não resiste;
a mim trocou-me a vista em que consiste
o meu viver contente ou descontente
Já que somos no mal participantes,
sejamo-lo no bem. Oh! quem me dera
que fôramos em tudo semelhante!
Mas lá virá a fresca primavera:
tu tornarás a ser quem era de antes,
eu não sei se serei quem de antes era.
+*+Rodrigues Lobo+*+
*Leiria, 1580
+No rio Tejo por afogamento, 1622
te vejo e vi, me vês agora e viste:
turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
claro que te vi eu já, tu a mim contente.
A ti foi-te trocando a grossa enchente
a quem teu largo campo não resiste;
a mim trocou-me a vista em que consiste
o meu viver contente ou descontente
Já que somos no mal participantes,
sejamo-lo no bem. Oh! quem me dera
que fôramos em tudo semelhante!
Mas lá virá a fresca primavera:
tu tornarás a ser quem era de antes,
eu não sei se serei quem de antes era.
+*+Rodrigues Lobo+*+
*Leiria, 1580
+No rio Tejo por afogamento, 1622
*Soneto que também é atribuído a Luís Vaz de Camões
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