domingo, 22 de fevereiro de 2009

Passei o rio que tornou atrás

Passei o rio que tornou atrás,
se acaso é certo o que Camões nos diz,
em cuja ponte um bando de aguazis
registram tudo quanto a gente traz.

Segue-se um largo. Em frente dele jaz
longa fileira de baiúcas vis.
Cigarro aceso, fumo no nariz,
é como a companhia ali se faz.

A cidade por dentro é fraca rês;
as moças põem mantilhas e andam sós,
têm boa cara, mas não têm bons pés.

Isto, coifas de prata e de retrós,
e a cada canto um sórdido marquês,
foi tudo quanto vi em Badajoz.

+*+Nicolau Tolentino+*+

* Lisboa, 1740
+ Lisboa, 1811

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