A morta
Cheguei-me ao pé do leito, em prantos, e ela,
Como uma flor já pálida e esvaída,
Volveu-me aquele olhar onde brilhava aquela
Ânsia que traz a dor da despedida.
Busquei n’um beijo inda infiltrar-lhe a vida;
Mas o palor cobriu-lhe a face bela,
E a fronte, enfim, dobou desfalecida,
Como um languido lírio de capela...
Desde então paira a sombra desse leito
Na minh’alma, onde a noite eterna esconde
Meu louco ideal n’um túmulo desfeito.
E onde paira a minh’alma, em trevas? Onde?
Foi com ela, pois bato hoje no peito
E o coração também não me responde!
+*+Osório Duque Estrada+*+
imagem: Gustave Doré
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