sábado, 14 de fevereiro de 2009

A louca

Quando ela passa: - a veste desgrenhada,
O cabelo revolto em desalinho,
No seu olhar feroz eu adivinho
O mistério da dor que a traz penada.

Moça, tão moça e já desventurada;
Da desdita ferida pelo espinho,
Vai morta em vida assim pelo caminho,
No sudário da mágoa sepultada.

Eu sei a sua história. – Em seu passado
Houve um drama d’amor misterioso
- O segredo d’um peito torturado –

E hoje, para guardar a mágoa oculta,
Canta, soluça – o coração saudoso,
Chora, gargalha, a desgraçada estulta.

+*+Augusto do Anjos*+*+
in Eu

* Cruz do Espírito Santo, 20 de abril de 1884
+ Leopoldina, 12 de novembro de 1914

*Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos

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