sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Soneto inglês n° 1

Quando a morte cerrar meus olhos duros
– Duros de tantos vãos padecimentos.
Que pensarão teus peitos imaturos
Da minha dor de todos os momentos?

Vejo-te agora alheia, e tão distante;
Mais que distante – isenta. E bem prevejo,
Desde já bem prevejo o exato instante
Em que de outro será não teu desejo,

Que o não terás, porém abandono,
Tua nudez! Um dia hei de ir embora
Adormecer no derradeiro sono.

Um dia chorarás... Que importa? Chora.
Então eu sentirei muito mais perto
De mim feliz, teu coração incerto.

+*+Manuel Bandeira+*+
in Lira dos Cinquent’Anos

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