Soneto de Véspera
Quando chegares e eu te vir chorando
De tanto te esperar que te direi?
E da angústia de amar-te, te esperando
Reencontrada, como te amarei?
Que beijo teu de lágrimas terei
Para esquecer o que vivi lembrando
E que farei da antiga mágoa quando
Não puder te dizer por que chorei?
Como ocultar a sombra em mim suspensa
Pelo martírio da memória imensa
Que a distância criou – fria de vida
Imagem tua que eu compus serena
Atenta ao meu apelo e a minha pena
E que quisera nunca mais perdida...
+*+Vinicius de Moraes+*+
* Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913
+ Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980
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