quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Correspondências

A natureza é um templo onde vivos pilares
Podem deixar ouvir vozes confusas: e estas
Fazem o homem passar através de florestas
De símbolos que o vêem como íntimos olhares.

Como os ecos ao longe confundem seus rumores
Na mais profunda e tenebrosa unidade,
Tão vasta como a noite e como a claridade,
Harmonizam-se os sons, os perfumes e as cores.

Perfumes frescos há como carnes de infantes
Ou oboés de doçura ou verdejantes ermos
E outros ricos, corrompidos e triunfantes,

Que possuem a expansão do universo sem termos
Como o sândalo, o almíscar, o benjoim e o incenso
Que cantam dos sentidos o transporte imenso.

+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+*+

Correspondances

La nature est um temple ou dês vivants piliers
Laissent parfois sortir de confuses paroles;
L’homme o passe à travers des forêts de symboles
Qui l’observent avec des regards familiers.

Comme des long échos qui de loin se confondent
Dans une tenebreuse et profonde unité,
Vaste comme la nuit et comme la clarté,
Les parfums, les couleurs et les sons se répondent.

Il est des parfums frais comme des chairs d’enfants,
Doux comme les hautbois, verts comme les prairies
– Et d’autres corrompus, riches et triomphants,

Ayant l’expansion des choses infinies,
Comme l’ambre, le musc, le benjoin et l’encens,
Qui chantent les transports de l’esprit et des sens.

+*+Charles Baudelaire*+*+

* Paris, 9 de abril de 1821
+ Paris, 31 de agosto de 1867

*Charles-Pierre Baudelaire

Nenhum comentário: