Quanto, quanto me queres
Quanto, quanto me queres? – perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.
Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era uma sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...
Beijamo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregavam sem pensar...
Não perguntes, não sei – não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.
+*+António Botto+*+
Quanto, quanto me queres? – perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.
Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era uma sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...
Beijamo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregavam sem pensar...
Não perguntes, não sei – não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.
+*+António Botto+*+
* Conclava - Abrantes, 1897
+ Rio de Janeiro, 1959
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