terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Quanto, quanto me queres

Quanto, quanto me queres? – perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era uma sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...

Beijamo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregavam sem pensar...

Não perguntes, não sei – não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.

+*+António Botto+*+

* Conclava - Abrantes, 1897
+ Rio de Janeiro, 1959

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