segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Soneto

Passei ontem a noite junto dela.
Do camarote a divisão se erguia
apenas entre nós – e eu vivia
no doce alento dessa virgem bela...

Tanto amor, tanto fogo se revela
naqueles olhos negros! Só a via!
Música mais do céu, mais harmonia
aspirando nessa alma de donzela!

Como era doce aquele seio arfando!
Nos lábios que sorriso feiticeiro!
Daquelas horas lembro-me chorando!

Mas o que é triste e dói ao mundo inteiro
é sentir todo o seio palpitando...
Cheio de amores! E dormir solteiro!

+*+Alvares de Azevedo+*+

* São Paulo, 1831
+ São Paulo, 1852

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