Soneto
Passei ontem a noite junto dela.
Do camarote a divisão se erguia
apenas entre nós – e eu vivia
no doce alento dessa virgem bela...
Tanto amor, tanto fogo se revela
naqueles olhos negros! Só a via!
Música mais do céu, mais harmonia
aspirando nessa alma de donzela!
Como era doce aquele seio arfando!
Nos lábios que sorriso feiticeiro!
Daquelas horas lembro-me chorando!
Mas o que é triste e dói ao mundo inteiro
é sentir todo o seio palpitando...
Cheio de amores! E dormir solteiro!
+*+Alvares de Azevedo+*+
Passei ontem a noite junto dela.
Do camarote a divisão se erguia
apenas entre nós – e eu vivia
no doce alento dessa virgem bela...
Tanto amor, tanto fogo se revela
naqueles olhos negros! Só a via!
Música mais do céu, mais harmonia
aspirando nessa alma de donzela!
Como era doce aquele seio arfando!
Nos lábios que sorriso feiticeiro!
Daquelas horas lembro-me chorando!
Mas o que é triste e dói ao mundo inteiro
é sentir todo o seio palpitando...
Cheio de amores! E dormir solteiro!
+*+Alvares de Azevedo+*+
* São Paulo, 1831
+ São Paulo, 1852
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