segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Os seios

Nunca te vejo o peito arfar de enleio,
quando de amor ou de prazer te ébrias,
que não ouça lá dentro as fugidias
aves, baixo alternando algum gorjeio...

Aves são, e são duas aves, creio,
que em ti mesmas nascera, e em ti crias,
ao arrulhar de castas melodias,
no aroma quente e ebúrneo do teu seio;

têm de uns astros irmãos o movimento,
ou de dois lírios, que balouça o vento,
o giro doce, o lânguido vaivém.

Oh! quem me dera ver no próprio ninho
se brancas são, como mais branco arminho,
ou se asas, como as outras pombas, têm...

+*+Luis Delfino+*+

* Florianópolis, 1834
+ Rio de Janeiro, 1910

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