segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Desejo

Desejo dizer-lhes as palavras mais profundas, mas não
me atrevo, porque temo sua gozação.
Por isso acho graça de mim mesmo e transformo em brincadeira meu segredo.
Duvido de minha angústia, para que você não duvide.
Desejo dizer-lhe as palavras mais sinceras, mas não me atrevo, por que temo que não acredite.
Por isso as disfarço de mentiras e digo o contrário do que penso. Me esforço para que minha angústia não pareça absurda para que você não ache que é.
Desejo dizer-lhes as palavras mais valiosas, mas não me atrevo porque temo não ser correspondido.
Por isso me declaro duramente e me orgulho de minha insensibilidade.
Desejo senta-me silenciosamente a seu lado, mas não me atrevo,
porque temo que meus lábios traiam meu coração.
Por isso falo disparatadamente, escondendo meu coração atrás de minhas palavras.
Trato a mim mesmo com dureza, para que você não o faça.
Desejo separar-me de você, mas não me atrevo,
por que temo que descubra minha covardia.
Por isso levanto a cabeça e fico perto de você com ar indiferente.
A constante provocação dos nossos olhares remove minha angustia sem piedade.

+*+Rabindranath Tagore+*+

* Calcutá, 7 de março de 1861
+ Calcutá, 7 de agosto de 1941

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