terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A forca

Já que adorar-me dizes que não podes,
imperatriz serena, alva e discreta,
ai, como no teu colo há muita seta
e o teu peito é peito de um Herodes.

Eu antes que encaneçam meus bigodes
ao meu mister de amar-te hei de pôr meta,
o coração mo diz – feroz profeta
que anões faz do colossos lá de Rodes.

E a vida depurada no cadinho
das eróticas dores do alvoroço,
acabará na forca, num azinho,

mas o que há de apertar o meu pescoço
em lugar de ser corda de bom linho
será do teu cabelo um menos grosso.

+*+Cesário Verde*+*+

* Lisboa, 25 de fevereiro de 1855
+ Lumiar, 19 de julho de 1886

*José Joaquim Cesário Verde

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