Divina Comédia
Erguendo os braços para o céu distante
e apostrofando os deuses invisíveis,
os homens clamam: – Deuses impassíveis,
a quem serve o destino triunfante.
por que é que nos criastes?! Incessante
corre o tempo e só agora, inextinguíveis,
dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
num turbilhão cruel e delirante...
Pois não era melhor na paz clemente
do nada e do que ainda não existe,
ter ficado a dormir eternamente?
Por que é que para a dor nos evocastes?
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
dizem: – Homens, por que é que nos criastes?!
+*+Antero de Quental+*+
Erguendo os braços para o céu distante
e apostrofando os deuses invisíveis,
os homens clamam: – Deuses impassíveis,
a quem serve o destino triunfante.
por que é que nos criastes?! Incessante
corre o tempo e só agora, inextinguíveis,
dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
num turbilhão cruel e delirante...
Pois não era melhor na paz clemente
do nada e do que ainda não existe,
ter ficado a dormir eternamente?
Por que é que para a dor nos evocastes?
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
dizem: – Homens, por que é que nos criastes?!
+*+Antero de Quental+*+
* Ponta Delgada - Açores - 1842
+ Ponta Delgada - Açores - 1891
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