Contra as fadigas do desejo
E quem me compusera do desejo,
que grande bem, que grande paz me dera!
Ou, por força, com ele hoje fizera,
que me não vira, enquanto assim me vejo!
O que eu reprovo, elege; e o que eu elejo
ele o reprova, como se tivera
sortes a seu mandar, em que escolhera,
contra as quais só por ele em vão pelejo.
Anda a voar do árduo ao impossível:
e para me perder de muitos modos,
finge que a hora é certa no perigo.
Pois se nunca pretende o que é possível,
como posso esperar ter paz com todos,
quando não posso nem ter paz comigo?!
+*+Francisco Manuel de Melo+*+
E quem me compusera do desejo,
que grande bem, que grande paz me dera!
Ou, por força, com ele hoje fizera,
que me não vira, enquanto assim me vejo!
O que eu reprovo, elege; e o que eu elejo
ele o reprova, como se tivera
sortes a seu mandar, em que escolhera,
contra as quais só por ele em vão pelejo.
Anda a voar do árduo ao impossível:
e para me perder de muitos modos,
finge que a hora é certa no perigo.
Pois se nunca pretende o que é possível,
como posso esperar ter paz com todos,
quando não posso nem ter paz comigo?!
+*+Francisco Manuel de Melo+*+
* Lisboa, 1608
+ Lisboa, 1666
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