sábado, 21 de fevereiro de 2009

Somnambula

N’um castelo sombrio como a dor
Em que gemia, pensando, o vento,
Dias de choro, noites de tormento
Triste eu passava, imersa em fundo horror.

Junto à porta, um dragão, sempre em furor,
Olhos em brasa, me guardava atento;
De súbito, ressoa, estranho evento!
D’entre o arvoredo uma canção d’amor.

Adormece o dragão, feroz, medonho,
D’aquela harpa ao som mavioso e lindo,
E eu vendo tudo azul, o céu risonho,

Atrás do novo Orpheu, sempre fugindo,
Pelos meandros do país do sonho,
Somnambula d’amor o fui seguindo.

+*+Zulmira de Mello+*+

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