Caminho (II)
Encontraste-me um dia no caminho
em procura de quê, nem eu o sei.
- Bom dia, companheiro, te saudei,
que a jornada é maior indo sozinho,
é longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda em que pousaste, onde pousei,
bebemos cada um do mesmo vinho.
É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha de um calvário,
e queima como a areia!... Foi no entanto
que choramos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
tivemos de beber do mesmo pranto.
+*+Camilo Pessanha*+*+
Encontraste-me um dia no caminho
em procura de quê, nem eu o sei.
- Bom dia, companheiro, te saudei,
que a jornada é maior indo sozinho,
é longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda em que pousaste, onde pousei,
bebemos cada um do mesmo vinho.
É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha de um calvário,
e queima como a areia!... Foi no entanto
que choramos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
tivemos de beber do mesmo pranto.
+*+Camilo Pessanha*+*+
* Coimbra - Portugal, 7 de setembro de 1867
+ Macau - China, 1 de março de 1926
*Camilo Almeida Pessanha
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