domingo, 22 de fevereiro de 2009

Quem de meus versos a lição procura

Quem de meus versos a lição procura,
os farpões nunca viu de amor insano,
nem sabe quanto custa um vil engano
traçado pela mão da formosura.

Se o peito não tiver de rocha dura,
fuja de ouvir contar tamanho dano,
que a desabrida voz do desengano
o mais firme semblante desfigura.

Olhe, que há de chorar, vendo patente
em tão funesta, e lagrimosa cena
o cadafalso infame, e sanguinoso.

verá levado à morte um inocente:
e condenado à vergonhosa pena
o mais fiel amor, mais generoso.

+*+Correia Garção+*+

* Lisboa, 1724
+ Lisboa, 1772

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