Dor Suprema
Onde quer que ponho os olhos contristados
- Costumei-me a ver o mal em toda parte -
não encontro nada que não vá magoar-te,
ó minh'alma cega, irmã dos entrevados.
Sexta-feira santa cheia de cuidados,
livro d'Ezequiel. Vontade de chorar-te...
E não ter um pranto, um só, para lavar-te
das manchas do fiel, filhas de mil pecados!...
Ai do que não chora porque esqueceu
como há de chamar as lágrimas aos olhos
na hora margurada em que precisa delas!
Mas é bem mais triste aquele que olha o céu
em busca de Deus, que o livre dos abrolhos,
e só acha a luz das pálidas estrelas...
+*+José Duro+*+
Onde quer que ponho os olhos contristados
- Costumei-me a ver o mal em toda parte -
não encontro nada que não vá magoar-te,
ó minh'alma cega, irmã dos entrevados.
Sexta-feira santa cheia de cuidados,
livro d'Ezequiel. Vontade de chorar-te...
E não ter um pranto, um só, para lavar-te
das manchas do fiel, filhas de mil pecados!...
Ai do que não chora porque esqueceu
como há de chamar as lágrimas aos olhos
na hora margurada em que precisa delas!
Mas é bem mais triste aquele que olha o céu
em busca de Deus, que o livre dos abrolhos,
e só acha a luz das pálidas estrelas...
+*+José Duro+*+
* Lisboa, 1875
+ Lisboa, 1899
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