Duas almas
eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
vives sozinha sempre, e nunca foste amada...
Ó tu, que vens de longe, ó tu, que vens cansada,
entra, e, sob este teto encontrarás carinho:eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
vives sozinha sempre, e nunca foste amada...
A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,
e a minha alcova tem a trepidez de um ninho.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada.
E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa!
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha.
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...
+*+Alceu Wamosy*+*+
*Alceu de Freitas Wamosy
* Uruguaiana, 14 de fevereiro de 1895
+ Santana do Livramento, 13 de setembro de 1923
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