sábado, 14 de fevereiro de 2009

Soneto

Morrer, dormir, não mais, terminar a vida,
e com ela terminam nossas dores;
um punhado de terra, algumas flores...
E depois uma lágrima fingida.

Sim, minha morte não será sentida:
não tive amigos e nem deixo amores;
e se os tive, tornaram-se traidores,
algozes vis de um'alma consumida.

Tudo é podre no mundo! Que me importa
que amanhã se esboroe ou que desabe,
se a natureza para mim 'stá morta?!

É tempo já que meu exílio acabe...
Vem, vem, ó morte! ao nada me transporta:
morrer, dormir, talvez sonhar, quem sabe!

+*+Francisco Otaviano+*+

* Rio de Janeiro, 1825
+ Rio de Janeiro, 1889

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