terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Soneto

Ó Virgens que passais, ao Sol-poente,
pelas estradas ermas, a cantar!
Eu quero ouvir uma canção ardente,
Que me transporte ao meu perdido Lar.

Cantai-me, nessa voz onipotente,
O Sol que tomba, aureolando o Mar,
A fartura da seara reluzente,
O vinho, a Graça, a formosura, o luar!

Cantai! cantai as límpidas cantigas!
Das ruínas do meu Lar desaterrai
Todas aquelas ilusões antigas

Que eu vi morrer num sonho, como um ai,
Ó suaves e frescas raparigas,
Adormecei-me nessa voz... Cantai!

+*+Antônio Nobre+*+

* Porto, 1867
+ Carreiros - Foz do Douro, 1900

Nenhum comentário: