domingo, 8 de fevereiro de 2009

As pombas

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rigida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serena,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações, abotoam,
Os sonhos, um por um céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

+*+Raimundo Correia+*+
in Sinfonias - 1883

* No mar, na baía de Mogúncia - MA, 1859
+ Paris, 1911

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