sábado, 7 de fevereiro de 2009

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisa ser amante
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a rgulamentos vários.

Eu te amo, porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

+*+Carlos Drummond de Andrade+*+
in Corpo

* Itabira, 31 de outubro de 1902
+ Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987

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