sábado, 14 de fevereiro de 2009

Maldição

Se por vinte anos, nesta furna escura,
deixei dormir a minha maldição,
hoje, velha e cansada da amargura,
minha alma se abrirá como um vulcão.

E, em tormentos de cólera e loucura,
sobre a tua cabeça ferverão
vinte anos de silêncio e tortura,
vinte anos de agonia e solidão...

Maldita sejas pelo ideal perdido!
Pelo mal que fizeste sem querer!
Pelo amor que morreu sem ter nascido!

Pelas horas vividas sem prazer!
Pela tristeza do que eu tenho sido!
Pelo esplendor do que eu deixei de ser!...

+*+Olavo Bilac*+*+

* Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 1865
+ Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 1918

*Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac

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