A umas saudades
Saudades de meu bem, que noite e dia
a alma atormentais, se é vosso intento
acabares-me a vida com tormento,
mais lisonja será que tirania.
Mas quando me matar vossa porfia,
de morrer tenho tal contentamento,
que em me matando vosso sentimento,
me há-de ressuscitar minha alegria.
Porém matai-me embora, que pretendo
satisfazer com mortes repetidas
o que à beleza sua estou devendo;
vidas me daí para tirar-me vidas,
que ao grande gosto com que as for perdendo,
serão todas as mortes bem devidas.
+*+Antônio Barbosa Bacelar+*+
* Lisboa, 1610
+ Lisboa, 1663
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