sábado, 14 de fevereiro de 2009

Já Bocage não sou...

Já Bocage não sou!... À cova escura
meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa! tivera algum merecimento
se um raio da razão seguisse pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
brade em alto pregão à mocidade,
que atrás do som fantástico corria:

outro Aretino fui... A santidade
manchei! Oh! se me creste, gente ímpia,
rasga meus versos, crê na eternidade!

+*+Manoel Maria Barbosa l'Hedois du Bocage+*+

* Setúbal, 15 de setembro de 1765
+ Lisboa, 21 de dezembro de 1805

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