Já Bocage não sou...
Já Bocage não sou!... À cova escura
meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
leve me torne sempre a terra dura.
Conheço agora já quão vã figura
em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa! tivera algum merecimento
se um raio da razão seguisse pura!
Eu me arrependo; a língua quase fria
brade em alto pregão à mocidade,
que atrás do som fantástico corria:
outro Aretino fui... A santidade
manchei! Oh! se me creste, gente ímpia,
rasga meus versos, crê na eternidade!
+*+Manoel Maria Barbosa l'Hedois du Bocage+*+
sábado, 14 de fevereiro de 2009
+ Lisboa, 21 de dezembro de 1805
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