À Morte
Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
E como uma raiz, sereno e forte.
Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passao a passo,
Em ti, dentro de ti, no meu regaço
Não há triste destino nem má sorte.
Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!
Vim da Moirama*, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera,... quebra-me o encanto!
+*+ Florbela Espanca*+*+
Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
E como uma raiz, sereno e forte.
Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passao a passo,
Em ti, dentro de ti, no meu regaço
Não há triste destino nem má sorte.
Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!
Vim da Moirama*, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera,... quebra-me o encanto!
+*+ Florbela Espanca*+*+
in Reliquiae
Vocabulário
*Moirama [Mourama] - Terra dos mouros.
Mouro - Indivíduo dos mouros, povos que habitavam a Mauritânia (África); mauritano, mauro, sarraceno.
Vocabulário
*Moirama [Mourama] - Terra dos mouros.
Mouro - Indivíduo dos mouros, povos que habitavam a Mauritânia (África); mauritano, mauro, sarraceno.
* Vila Viçosa - Alentejo, 8 de dezembro de 1894
+ Matosinhos - Douro, 8 de dezembro de 1930
*Flor Bela de Alma da Conceição Espanca
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