Deixai entrar a morte
Deixai entrar a Morte, a Iluminada,
A que vem para mim, pra me levar.
Abri todas as portas par em par
Como asas a bater em revoada.
Que sou eu neste mundo? A deserdada,
A que prendeu nas mãos todo o luar,
A vida inteira, o sonho, a terra, o mar
E que, ao abrí-las, não encontrou nada!
Ó Mãe! Ó minha Mãe, para que nasceste?
Entre agonias e em dores tamanhas
Pra que foi, dize lá, que me trouxeste
Dentro de ti? Pra que eu tivesse sido
Somente o fruto amargo das entranhas
Dum lírio que em má hora foi nascido!...
+*+Florbela Espanca*+*+
in Reliquiae
Deixai entrar a Morte, a Iluminada,
A que vem para mim, pra me levar.
Abri todas as portas par em par
Como asas a bater em revoada.
Que sou eu neste mundo? A deserdada,
A que prendeu nas mãos todo o luar,
A vida inteira, o sonho, a terra, o mar
E que, ao abrí-las, não encontrou nada!
Ó Mãe! Ó minha Mãe, para que nasceste?
Entre agonias e em dores tamanhas
Pra que foi, dize lá, que me trouxeste
Dentro de ti? Pra que eu tivesse sido
Somente o fruto amargo das entranhas
Dum lírio que em má hora foi nascido!...
+*+Florbela Espanca*+*+
in Reliquiae
* Vila Viçosa - Alentejo, 8 de dezembro de 1894
+ Matosinhos - Douro, 8 de dezembro de 1930
*Flor Bela de Alma da Conceição Espanca
Um comentário:
É um poema triste...
Espero que não o estejas a sentir...
Beijo grande
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