sábado, 14 de fevereiro de 2009

Soneto

Que triste, que profunda soledade
se observa aqui de cima deste outeiro!
Não anda lá no mar nenhuma barqueiro,
não se ouve algum rumor cá na cidade.

Como da lua a frouxa claridade
prateia aquele monte derradeiro!
Não sabe a vista aonde vá primeiro
fartar o pensamento de saudade.

O céu sereno como está sisudo!
Quieta a planta, o mar adormecido,
a terra sossegada, o vento mudo;

mas que estrondo fizera, e que alarido,
céu, planta, mar e terra, vento mudo;
se rompesse o silêncio meu gemido!

+*+João Xavier Matos+*+

* Lisboa, 1730
+ Vila dos Frades - Alentejo, 1789

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