É esta porventura a praia amena
É esta porventura a praia amena
do manso Tejo? É este o monte erguido,
onde, nus negros olhos escondido,
me fez contente amor com minha pena?
É este o bosque, que aura tão serena
derramava do vento sacudido?
Ou este o verde choupo em que esculpido
deixei o nome que meu mal serena!
Quão outro tudo está, quão demudado!
Perdeu a graça, perdeu a formosura
do alegre tempo por meu mal passado...
Mas oh! como se engana a conjectura!
Inda tudo conserva o antigo estado,
somente se mudou minha ventura.
+*+Cruz e Silva+*+
* Lisboa, 1731
+ Rio de Janeiro, 1799
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