Vida Obscura
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro
ó ser humilde entre os humildes seres.
Embriagado, tonto de prazeres,
Embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
a vida presa a trágicos deveres
a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.
tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sentimento inquieto,
magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo.
Mas eu que sempre te segui os passos
sei que cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!
+*+Cruz e Sousa+*+
imagem: Gustave Doré
* Desterro (Florianóplis), 1861
+ Estação de Sítio, -MG, 1898
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